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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Chikaoka surpreende no Quilombo

O fotógrafo Miguel Chikaoka esteve no Ponto de Cultura para ministrar uma oficina de fotografia. Uma parceria entre o Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo e a Ação Educativa do Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre.

Surpreendeu quando disse, logo no início do domingo 22, que o que menos faríamos seria fotografar. Segundo o educador é necessário perceber e conhecer a luz, antes de começar a apertar botão simplesmente.


Fotografias Eduardo Seidl

A primeira parte da oficina foi um exercício coletivo para a montagem, do que vamos chamar de Pinholoscópio. Um equipamento para se entender o funcionamento de uma câmera fotográfica. Outra surpresa foi quando ele disse que não falaria nada. Todo processo seria utilizando a luz como meio de comunicação. Seria apenas olhar e repetir passo a passo a montagem. Naquela idéia…Quem muito fala, pouco diz!

Todo o processo de montagem foi utilizando papel cartão, papel vegetal, papel alumínio e cola. Sem tesouras, estiletes, réguas ou outras ferramentas. As mãos seriam o padrão de medida e os cortes seriam feitos rasgando os papéis nas marcas das dobraduras.

Das 13 pessoas que estavam participando da oficina, todas conseguiram fazer o equipamento perfeitamente. Diferente de outras vezes que Miguel tentou montar o mesmo aparato utilizando medidas convencionadas por réguas e cortes com tesouras, conforme nos relatou.

O Pinholoscópio empolgou até mesmo fotógrafos experientes. Fez surgir questionamentos apartir da visualização da fotografia acontecendo dentro da câmara escura.

Por quê aparece tudo de cabeça para baixo e invertido?

Aí já estava pronto o segundo exercício, para mostrar a trajetória da luz.

A intenção foi perceber que estamos condicionados a utilizar equipamento que proporcionam imagens sem exigir o entendimento do processo. Isto nos distancia das funções e das infinitas possibilidades da linguagem fotográfica. Com a tecnologia digital na fotografia e com os serviços disponíveis no comercio, estamos condicionados a fazer apenas o estabelecido pela indústria.

Tubo plástico para bobinas de 35mm

O segundo dia, segunda 23, passamos para as pinholes feitas em tubos plásticos de bobinas de filme 35mm. Um formato rápido, fácil, econômico e portátil. A idéia é proporcionar um formato padrão para todos que acompanham a oficina. Oportunizando um diálogo mais igualitário, evitando desperdícios de experiências e material.

Coisa que pode parecer comum para muita gente. A pinhole já é trabalhada por todas as partes, de diferentes formas com vários objetivos. Miguel sugeriu mais uma vez, não procurar fotografias, procurar reconhecer a luz, procurar onde estão as sombras, quais são os tons. Ótimos resultados. Ótimas fotografias apareceram espontaneamente.

Fotografia pinhole do Joel
Fotografia pinhole de Beatriz
Fotografia pinhole do Leandro Anton

Sem luz, no tato e no som

A continuidade, na terça 24, começou sem a luz. Os olhos foram vendados. Explorar uns sentidos, ajuda aflorar outros. O exercício tinha a função de preparar a critividade. Em duplas, com as mãos e comentários, a idéia era descobrir sementes da amazônia, trazidas por Miguel. Formas, tamanhos, texturas, peso. O pincel de luz iria precisar destes detalhes frescos na cabeça.

O pincel de luz tem objetivo de aproveitar aquelas sobras de laboratório, ou eventuais acidentes que ocorram com o papel sensível. Papel velado não vai pro lixo.

Um papel velado, exposto a luz, tem 100% de preto. Um pincel molhado no revelador é capaz de trazer este preto, ou cinzas, conforme for aplicado. Assim como uma semente germina, desabotoando um pendão de raiz para dar início à planta. O pincel de luz, utilizado com criatividade, pode fazer nascer imagens incríveis. Cuidadosamente aplica-se o químico e lentamente vê-se aparecer o traço, assim como tinta. Bueno, as possibilidades são infinitas. Segue apenas três exemplos das obras executadas.

Foram três dias corridos, cheios de novas sensações, tempo curto para explorar todas as possibilidades propostas. Outras oficinas virão para dar continuidade a estes exercícios.

Comunidade apresenta Morro Santa Tereza

texto de Aline Rodrigues
fotos de Cristina Nascimento

Para que a luta pela moradia e pelo meio ambiente não se apague no Morro Santa Teresa, uma visita às comunidades do local foi realizada no último sábado (21). Movimentos sociais, ambientalistas e indivíduos que estão na defesa do Morro foram recebidos por lideranças comunitárias para conhecer o espaço e a realidade das famílias que vivem ali e são ameaçadas de realocação.

A mata nativa, logo na chegada, foi apreciada junto de umas das vistas mais belas do Guaíba e de Porto Alegre. Em caminhada pelas comunidades, os visitantes tiveram contato com os moradores e a história das vilas Padre Cacique, Figueira, Vila Gaúcha, Ecológica, Santa Rita e União, que são espaços residenciais e de rica biodiversidade do Morro Santa Teresa.

Outra passagem importante dos participantes foi pelas instalações da Fundação de Atendimento Socioeducativo (FASE), órgão que deu início as mobilizações contra a especulação imobiliária. Neste ano um projeto da governadora Yeda Crusius pretendia alienar a um valor irrisório a área onde a fundação está situada para satisfazer os interesses privados.

Com a permuta, boa parte das 20 mil pessoas que residem no Morro seriam, a contragosto, transferidas de suas casas para outra região da cidade. Mas os moradores, unidos aos movimentos sociais, ambientalistas e entidades sindicais, conseguiram barrar a proposta que estava para ser votada pelos deputados gaúchos.

É por isso que a atividade deste final de semana serviu para consolidar a vitória das comunidades, que estão cada vez mais conscientes do papel que têm como protagonistas da sua história.

Os moradores do Morro Santa Teresa continuam na luta!

Mais algumas imagens da fotógrafa Cristina Nascimento, que não poderiam ficar de fora desta seleção.



fonte do post: www.projetoimagensfaladas.com