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foto: Eduardo Seidl - abraço coletivo ao final de uma hora de montagem da geodésica |
Foi um dia diferente o 27 de novembro. Desde terça-feira, 23, as nuvens cobriram o céu de Porto Alegre e assim também foi o domingo dia 28. Mas o sábado foi de céu azul, sol forte e nenhuma nuvem no céu. Foi com um dia de intensa energia que a Volta do Povo à Praça teve sua primeira edição. As ações tiveram seu início pouco depois das sete horas da manhã com a retirada dos materiais e equipamentos de dentro do Quilombo do Sopapo para que os espaços fossem montados na praça.
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foto: Eduardo Seidl |
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foto: Eduardo Seidl |
Junto ao muro, que durante o dia teriam grafites e frases sendo pintadas, o levante popular da juventude montou sua serigrafia e local de oficina de muralismo. O grupo estava com quase vinte jovens que trabalharam com telas de serigrafia e moldes de stencils feitos em chapas de raio X. Produziram mais de cem estampas em camisetas. O movimento teve quase 10 horas de produção e de interação. A criançada se destacou nesta troca.
O levante também tocou as oficinas que resultaram nas artes do muro do condomínio vizinho à praça e também de parte da casa que fica no centro deste espaço público. Esta atividade deixou registros permanentes da ação e da participação da comunidade na Alexandre Zachia e também em movimento pelas ruas do Cristal e de Porto alegre que circulam nas camisetas de crianças, jovens e adultos das comunidades.
No entorno da casa, no centro da praça, foram localizadas bancas para a feira de troca de livros com o Clube de Mães do Cristal que também durante a tarde fez uma atividade de contação de histórias na sombra de uma das árvores, que te convidam para uma prosa e um mate no dia tão ensolarado. A FASC durante a manhã na sua banca tirou dúvidas da comunidade com relação ao bolsa família e teve a companhia da Secretaria de Direitos Humanos que estava lançando a campanha contra a exploração sexual infantil.
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foto : Eduardo Seidl - feira de troca de livros promovida pelo Clube de Mães do Cristal |
A concentração de árvores no entorno da casa foi o convite para abrigar os educadores da Fundação Iberê Camargo que atraíram mais de 50 crianças que passaram o dia fazendo desenhos, adesivos e pinturas. Entre os educadores, o David, também participou com sua viola do palco montado dentro da geodésica e que durante toda a tarde sonorizou a praça com grupos locais e convidados.
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foto: Eduardo Seidl - Oficina dos educadores da Fundação Iberê Camargo |
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foto: Aranha -Grupo da Casa de Nazaré |
A música chegou pela avenida Chuí, com a Banda da Elpídio Paes que caminhou da escola até a praça, e sob o sol das 11h tornou-se a atração de todos os presentes. Ao final da sua apresentação, parte dos integrantes, formou o grupo de mais de 20 pessoas para em mutirão erguerem a Geodésica, estrutura em bambú que no janeiro de 2005 criou uma marca nos Fóruns Sociais Mundias pelo Acampamento Intercontinental de Juventude. Naquele ano 14 destas estruturas criaram espaços para atividades, bibliotecas, áreas culturais.
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foto: Aranha - David ao violão |
Uma destas geodésicas se encontra no Quilombo do Sopapo e cada montagem desta estrutura é uma celebração coletiva, de distintas gerações, de mulheres, homens e crianças, enfim, uma montagem que leva uma hora e meia e se faz na solidariedade, na harmonia de ritmos diferentes e interdenpendentes.
Esta estrutura foi a cobertura do palco para as apresentações musicais da tarde do dia 27 de novembro, e como estamos no Rio Grande do Sul, o que cobriu a Geodésica foram tecidos nas cores azul e vermelho, num belo GRENAL.
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foto: Aranha - Central Social RS |
Na tarde passaram pelo palco o grupo de crianças da Casa de Nazaré, David, Richard Serraria, Central Social RS, Unirrevolência e Carlinhos que recitou um poema de sua autoria sobre crianças de rua. Também se manifestaram as entidades que organizaram A Volta do Povo à Praça e que fazem parte do grupo de trabalho do Fórum de Segurança da Região Cristal.
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foto: Aranha - Richard Serraria |
Toda a estrutura do evento foi instalada e oferecida pelos grupos que organizaram a festa. Uma demostração de ação comunitária que contará com outras edições e que buscará novos apoios para tornar ainda mais diversificada e intensas as próximas atividades.
Outro legado desta primeira edição é a passagem da casa que há no centro da praça para a administração do grupo de trabalho, sendo que as chaves ficaram na sede do Quilombo do Sopapo. Estas casas existiam em várias praças de Porto Alegre e hoje estão praticamente todas demolidas por determinação das últimas duas gestões municipais. A da praça Alexandre Zachia era reinvidicada para a instalação de um posto policial numa lógica de prevenção à violência pela repressão.
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foto: Leandro Anton Casa que estava para ser demolida |
Com esta ação da Volta do Povo à Praça a casa tem como projeto torná-la um local de atividades socioculturais e recreativas. E nela já há uma marca desta perspectiva da prevenção à violência pela ocupação do espaço público com as manifestações artísticos culturais da região e a linguagem de seu povo como podem ser vistas na foto ao lado e abaixo.
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foto: Leandro Anton |
Que venha a próxima A Volta do Povo à Praça e que isto torne-se o cotidiano superando o evento.
post: Leandro Anton
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